As próximas eleições Autárquicas

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É falsa a tese que diz que quem ganha umas eleições, ganhará todas as eleições subsequentes.

Não há nenhum dado, que comprove esta tese. E temos dados no país, das eleições anteriores, que nos demonstram precisamente o contrário.

Respeito as opiniões de certos analistas da área do Paicv, que defendem, com alguma euforia, a recuperação deste partido, nas próximas eleições autárquicas.

Seria melhor que se apresentasse qual é a meta, que se poderia considerar como uma recuperação?

Todavia, na política nada é impossível.

Antes de estarmos a vaticinar os resultados, a previsão de uns e de outros, penso ser melhor passarmos em revista os quadros e a realidade presente.

O Paicv nunca ganhou uma única eleição autárquica no país; esteve quinze anos a governar o país e não conseguiu uma única vitória nas autárquicas; nas autárquicas de 2016, teve a maior derrota autárquica de sempre; em 22 Câmaras Municipais, conseguiu 2, cuja expressão política é o que sabemos; no Fogo, pela primeira vez na história, perdeu a Câmara de S. Filipe e de Santa Catarina; em São Vicente ficou como terceira força política, atrás da Ucid.

E, finalmente (esta pode ser uma mera percepção minha), se a Janira ganhar a liderança, é quase certo que não vai contar com os seus opositores internos, para serem candidatos à liderança das Câmaras, o que vai enfraquecer ainda mais o seu partido.

Do lado do MPD, sem exagero, temos a maior e melhor políticas municipais jamais vista no país; nem as Câmaras de oposição reclamaram coisa nenhuma até ao presente momento e há, pelo menos, uma Câmara da oposição, que elogiou as políticas municipais deste governo; podemos dizer que hoje temos uma paz municipal entre o governo e os municípios; o MPD sempre ganhou as eleições autárquicas, mesmo estando na oposição; em 2016, o MPD venceu 18 Câmaras e as outras duas Câmaras, cujas vitórias é de gente da área política deste partido.

Podemos questionar se o quadro traçado é imutável?

Com a experiência da política que os meus ombros transporta, a resposta certa é que qualquer realidade pode ser alterada.

O que não nos impede de questionar sobre o que é que mudou no Paicv de 2016 a esta parte?

A liderança? A estratégia? A forma de fazer política? A renovação partidária?

Ou ainda, houve, ou está havendo, pela primeira vez, uma profunda revolução do eleitorado autárquico?

A minha leitura, de forma sincera, é que nada mudou. A mesma equipa, estrondosamente, derrotada em 2016, pensa que pode desafiar a sorte e arriscar uma segunda, quiçá, última vez.